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O quadro Entrevista, exibido no Programa Pai Eterno desta segunda-feira, 6, destacou a Campanha da Fraternidade, uma proposta da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para as comunidades católicas brasileiras.
Quem falou sobre o assunto foi o bispo auxiliar da Arquidiocese de Goiânia, Dom Moacir Arantes.
Douglas Branquinho: Qual é o objetivo, a proposta da CNBB com a Campanha da Fraternidade, que já tem 50 anos mais ou menos?
Dom Moacir Arantes: A proposta da Igreja do Brasil com a Campanha da Fraternidade é aproveitando o Tempo da Quaresma que é um tempo próprio de penitência, de conversão, não em uma perspectiva sombria e triste, mas uma conversão em uma perspectiva de alegria, em busca de um futuro melhor. A Igreja propõe para este período um tema que afete a vida de todas as pessoas para que cada um observando o tema veja também a sua responsabilidade pessoal como membro da Igreja no processo de mudança não só da própria vida, mas de mudança da sociedade, das estruturas para que todas as pessoas, segundo o projeto de Deus, tenham vida em plenitude.
Douglas Branquinho: Qual é o tema deste ano?
Dom Moacir Arantes: O tema proposto para este ano é relacionado à reflexão sobre os biomas brasileiros, que são na verdade as matrizes ambientais, os espaços aonde a vida é gerada, cuidada e floresce, pois nós fazemos parte de uma estrutura maior do que nós mesmos. Por isso, o lema da Campanha é justamente tirado do livro de Gênesis, cultivar e guardar a criação.
Douglas Branquinho: A Campanha da Fraternidade é proposta dentro do Tempo Quaresmal, que a Igreja também nos convida ao jejum, caridade e à oração. Dentro disso, como o cristão deve vivenciar este período? Como ele deve se posicionar fazendo a devoção dentro do tema? Como é esse convite que a Igreja faz na vivência deste tempo?
Dom Moacir Arantes: Na Quaresma, tempo em que nós somos chamados a percebermos a grande caridade de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos salvou e que com seu amor nos deu a libertação da morte pelo seu sacrifício na cruz, nós somos chamados também a acompanhar Jesus. A Igreja, no tempo da Quaresma, oferece subsídio para a reflexão para crianças na catequese para jovens, crianças, grupos de famílias ou grupos de reflexão, para que todas as pessoas possam ver qual é o apelo de Deus s para a minha vida neste ano? E é interessante neste ano, falar dos biomas, porque às vezes se reflete um tema que uma pessoa em uma região do país pode dizer que não tem nada a ver com a região dela, mas os biomas tocam toda a realidade brasileira, pois todos os estados estão dentro de algum bioma.
Fonte: Afipe

Campanha da Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida; cultivar e guardar a criação
A Campanha da Fraternidade deste ano é sobre a ecologia, com o objetivo de despertar no povo a necessidade de cuidar bem da Terra, não poluir a água, o solo e o ar, pois, essa poluição volta-se contra o homem. O lema da Campanha é “Cultivar e guardar a criação”.
Papa Francisco publicou a encíclica sobre o meio ambiente e a ecologia: Laudato Si (Louvado sejas). Logo, o Papa pergunta: “Que tipo de mundo queremos deixar a quem vai nos suceder, às crianças que estão a crescer?”. Ele pergunta: “Que necessidade tem de nós a Terra?”.
Nitidamente, o Papa se baseou no canto de São Francisco de Assis em louvor à criação divina.
“Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã, a mãe Terra, que nos sustenta e governa, produz variados frutos com flores coloridas e verduras”. Assim se exprimia São Francisco de Assis, no seu célebre “Cântico do Irmão Sol” ou “Cântico das criaturas”, no qual expressa o seu louvor a Deus por meio de Suas obras.
A ganância destrutiva
O Papa Francisco, com boas informações dos ambientalistas e ecologistas, condena os gananciosos pelo dinheiro que visam apenas o lucro sem se preocuparem com os danos ambientais.
O Papa nos lembra que “esta irmã clama contra o mal que lhe provocamos por causa do uso irresponsável e do abuso dos bens que Deus nela colocou” (n. 2).
“Se o ser humano se declara autônomo da realidade e se constitui dominador absoluto, desmorona-se a própria base da sua existência, porque, em vez de realizar o seu papel de colaborador de Deus na obra da criação, o homem substitui-se a Deus, e, desse modo, acaba por provocar a revolta da natureza” (n. 117). O respeito pela natureza, não somente do ponto de vista “preservacionista”, sobretudo como obra dada a nós pelo Criador como ambiente de vida.
Respeitar o meio ambiente
Papa Bento XVI, em um dos seus discursos sobre o dia Mundial do Meio Ambiente, enfatizou que “Preservar a natureza deve ser também um ato de todo cristão”. Essas palavras traduzem bem o que nos ensina a Igreja em seus documentos sobre a necessidade de se respeitar, como é devido, o meio ambiente e a natureza, que Deus criou com tanto amor.
No Compêndio da Doutrina Social da Igreja existe um capítulo especialmente voltado para expor a doutrina da Igreja Católica sobre o meio ambiente dada a importância do tema. Uma forma clara que nos convida a olhar para essas maravilhas de Deus e assim nos lembrar da necessidade de protegê-las e exercer uma administração responsável sobre tudo isso; porém, há que se ressaltar que não podemos absolutizar a natureza e sobrepô-la em dignidade à própria pessoa humana a ponto de divinizar a natureza ou a terra.
Na Encíclica “Caritas in Veritate” (Caridade na verdade), Bento XVI diz: “A natureza está à nossa disposição, não como «um monte de lixo espalhado ao acaso», mas como um dom do Criador, no qual o homem há-de tirar as devidas orientações para a «guardar e cultivar» (Gn 2, 15). Da mesma forma, afirma que: “É uma contradição pedir às novas gerações o respeito do ambiente natural, quando a educação e as leis não as ajudam a respeitar-se a si mesmas.”
Deus deu ao homem a inteligência e as mãos para cultivar e guardar a Terra, e a ele entregou o seu cuidado. O salmista diz: “O Céu é o Céu do Senhor, mas a terra Ele a deu aos filhos de Adão”. (Sl 113, 24). O homem glorifica a Deus quando cuida bem da natureza.
Preservar a natureza é um ato sublime, quando observado do ponto de vista da criação. É uma atitude que nos permite olhar de maneira diferente o meio ambiente que nos cerca e também encontrar na obra de Deus um desígnio de amor e de verdade para com o próximo.
Na natureza, reconhecemos o resultado maravilhoso da intervenção criadora de Deus. Um lindo exemplo que nos fala do Seu carinho pela humanidade. Um cenário natural que não tem fronteiras, assim como o amor divino por cada um de nós. Dádiva apropriada que nos leva a refletir sobre compromissos sérios pela obra admirável do Criador.
Cada pessoa é responsável pela ecologia, por preservar a Terra. Quanto menos sujamos as nossas ruas, menos poluição teremos e menos problemas sanitários e de escoamento da água da chuva. A educação ecológica é, hoje, algo vivido nas escolas, mas muitos ainda não a entenderam.
Além da defesa da Terra, Papa Francisco fala também de uma “ecologia humana”; não basta defender a Terra, é preciso, mais ainda, defender a vida humana, pois Deus deu a Terra ao homem para ele “cultivar e guardar” (Gen 2,15). Ele citou Bento XVI: “Existe uma «ecologia do homem», porque «também o homem possui uma natureza, que deve respeitar e não pode manipular como lhe apetece».[120]
O Pontífice condenou os defensores da contracepção e do controle artificial da população: “Em vez de resolver os problemas dos pobres e pensar num mundo diferente, alguns limitam-se a propor uma redução da natalidade. Não faltam pressões internacionais sobre os países em vias de desenvolvimento, que condicionam as ajudas econômicas a determinadas políticas de ‘saúde reprodutiva’” (n. 50).
Na mesma linha o Papa diz:
“Uma vez que tudo está relacionado, também não é compatível a defesa da natureza com a justificação do aborto. Não parece viável um percurso educativo para acolher os seres frágeis que nos rodeiam e que, às vezes, são molestos e inoportunos, quando não se dá proteção a um embrião humano, ainda que a sua chegada seja causa de incômodos e dificuldades” (n. 120).
“Além disso, é preocupante constatar que alguns movimentos ecologistas defendem a integridade do meio ambiente e, com razão, reclamam a imposição de determinados limites à pesquisa científica, mas não aplicam estes mesmos princípios à vida humana. Muitas vezes, justifica-se que se ultrapassem todos os limites, quando se faz experiências com embriões humanos vivos. Esquece-se que o valor inalienável do ser humano é independente do seu grau de desenvolvimento. Aliás, quando a técnica ignora os grandes princípios éticos, acaba por considerar legítima qualquer prática. Como vimos, neste capítulo, a técnica separada da ética, dificilmente será capaz de autolimitar o seu poder” (n. 136).
Fonte: Canção Nova

Francisco falou da Quaresma, tempo de preparação para a Páscoa, que os católicos celebram em todo o mundo, a partir desta Quarta-feira de Cinzas
A Igreja Católica iniciou nesta quarta-feira, 1º, o tempo litúrgico da Quaresma, com a celebração das cinzas. No Vaticano, o Papa Francisco presidiu a procissão e a Missa com o rito penitencial e alertou para as tentativas de “banalizar a vida” e para as consequências da “indiferença” perante quem sofre.
“A Quaresma é o tempo para dizer não: não à asfixia do espírito pela poluição causada pela indiferença, pela negligência de pensar que a vida do outro não me diz respeito; por toda a tentativa de banalizar a vida, especialmente a daqueles que carregam na sua própria carne o peso de tanta superficialidade”, disse o Papa na Basílica de Santa Sabina.
A celebração foi antecedida por uma “procissão penitencial” desde a igreja de Santo Anselmo, no Aventino, onde o Papa se deslocou, desde o Vaticano, para um momento de oração, acompanhado por cardeais, bispos, os monges beneditinos desta igreja e os padres dominicanos de Santa Sabina.
Francisco falou do tempo de preparação para a Páscoa, que os católicos celebram hoje em todo o mundo, como “um caminho” que leva “à vitória da misericórdia” sobre tudo o que procura “esmagar” ou “reduzir” o ser humano a algo que “não corresponda à dignidade de filhos de Deus”.
“A Quaresma é a estrada da escravidão à liberdade, do sofrimento à alegria, da morte à vida”, disse o Santo Padre.
“Fomos tirados da terra, somos feitos de pó. Sim, mas pó nas mãos amorosas de Deus, que soprou o seu espírito de vida sobre cada um de nós e quer continuar a fazê-lo”, observou, lembrando o rito das cinzas.
Segundo o Papa, este sopro de vida contrapõe-se à “asfixia” do egoísmo, das “ambições mesquinhas e silenciosas indiferenças”, ao “ar sufocante de pânico e hostilidade”.
“Viver a Quaresma é ansiar por este sopro de vida que o nosso Pai não cessa de nos oferecer na lama da nossa história”, acrescentou.
A homilia alertou ainda para correntes de espiritualidade que reduzem a fé a “culturas de gueto e exclusão”.
“A Quaresma significa não à poluição intoxicante das palavras vazias e sem sentido, da crítica grosseira e superficial, das análises simplistas que não conseguem abraçar a complexidade dos problemas humanos, especialmente os problemas de quem mais sofre”, prosseguiu.
Francisco convidou os fiéis a não “rasgar as vestes frente ao mal” que os rodeia, mas, sobretudo, a dar espaço a todo o bem que possam realizar, despojando-se daquilo que “isola, fecha e paralisa”.
A Quaresma, iniciada hoje, é um período de 40 dias marcado pela prática do jejum, caridade e da penitência, que servem de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário cristão.
Fonte: Agência Ecclesia

A partir do dia 1º de março, os cristãos católicos vivenciarão o Tempo da Quaresma, um dos tempos litúrgicos mais importantes no calendário da Igreja. O período antecede a Páscoa, tendo início na Quarta-feira de Cinzas e fim na Quinta-feira Santa, dia em que tem início a celebração do Tríodo Pascal, que se encerra no Domingo de Páscoa.
São 40 dias, em que os católicos são convidados a viver um tempo de reflexão, oração e penitência, em memória aos dias que Jesus passou no deserto. Neste período, as pessoas costumam ficar mais reclusas, à espera do anúncio da ressurreição de Cristo. “É tempo de deserto interior. Deserto não é coisa ruim, é coisa boa. Tempo de parada, de silêncio, de escuta. Então, para que nessa caminhada, nesse deserto, a gente possa realmente parar e dizer: ‘Deus, eu estou aqui. Eu quero falar com o Senhor. Escutar alguma coisa’. É a nossa caminhada, a nossa direção para o objetivo que estamos querendo”, ressaltou Pe. Abdon Dias Guimarães.
Práticas cristãs na Quaresma
Durante o período quaresmal, a Igreja Católica se volta a Jesus Cristo e relembra Sua vida, morte e ressurreição. Diante disso, alguns ritos são considerados essenciais na liturgia e na vida dos cristãos. A Quaresma tem algumas características específicas. Nesse período, a Igreja utiliza o roxo, como cor litúrgica, símbolo de tristeza e dor. Na Quarta-feira de Cinzas é sempre realizada uma celebração em que se lembra o fim da própria mortalidade com a marca de cinzas na testa: “Porque és pó, e pó te hás de tornar”, (Gn 3,19). Além disso, algumas atitudes são propostas aos fiéis como forma de vivenciar de forma concreta e verdadeira esse tempo litúrgico:
Oração
Essencial em todos os momentos, a oração pode ser pessoal, em comunidade, na meditação da Palavra de Deus, em família, ou mesmo com a participação do fiel cristão na Santa Missa. Mas, é importante que a oração não fique apenas nas palavras. Por isso, aliada à caridade e à penitência, ela pode se transformar em ações concretas. “A oração é a grande intimidade que nós devemos ter com o nosso Deus. Falar ao coração de Deus e deixar que Ele fale também no coração de cada um de nós. Pois, é por meio da oração que nós conseguimos obter as respostas para a nossa caminhada, as respostas que nós precisamos no nosso dia a dia, para as nossas dificuldades, alegrias”, explicou Pe. Abdon Dias Guimarães.
Penitência
A Quaresma é um tempo de conversão. Mudança de vida. Para isso, existe a penitência, ou o jejum. As sextas-feiras da Quaresma são um tempo propício para a penitência. O objetivo desta prática não é o sofrimento ou privação daquilo que agrada, mas um meio de purificação de nossa alma. A penitência é feita para dar forças espirituais na luta contra o pecado. Aliada à oração, ajuda a fortalecer a vontade e a fé, para que não se caia diante das ciladas do mal. “Nós recordamos este tempo de penitência, de mortificação na nossa vida. No jejum vamos desligar das coisas do mundo, oferecer a Deus o sacrifício. Não significa que esse sacrifício é algo que vai doer no nosso coração, na nossa vida. É um sacrifício que nós vamos fazer por conta própria para que a gente possa ter um crescimento espiritual maior ainda”, pontuou o sacerdote.
Caridade
A caridade é o ato concreto da conversão do coração. Da vivência da oração. Da vivência da proximidade com Deus. É aquela obra concreta que coloca o cristão diante do irmão mais necessitado, para ajudar, para evangelizar, para levar também o amor de Deus, de forma material àquelas pessoas que mais necessitam. A caridade deve ser vivida de maneira especial com aqueles mais próximos. “A gente recorda São Paulo quando ele diz ‘Ainda que eu fale todas as línguas dos homens e dos anjos, se eu não tiver a caridade, de nada me adiantará’, pois a caridade é que norteia toda a nossa vida. Nós somos seres de reação. Todos os dias estamos esbarrando uns com os outros, convivendo com o outro. Imagina viver em um mundo onde a gente não tem caridade com ninguém, onde não vamos renunciar o nosso egoísmo, e que pensemos só em nós mesmos? Então, a caridade é abrir-se para a outra pessoa”, ressaltou o Missionário Redentorista.
Fonte: Afipe

Proporcione a sua família um ambiente saudável e feliz com a cura do seu interior
Uma alma e um coração curados podem nos fazer verdadeiramente livres e felizes? Inicio este artigo com esta provocação, que é um fato: Todos nós queremos ser felizes! Mas será que todos querem trilhar um caminho de cura que possibilite tal felicidade?
Na vida, há dois jeitos de sofrer:
1º) Sofrer por ajeitar a vida, assumindo as consequências que ela nos impõe;
2º) Sofrer por viver a vida desajeitada.
Veja bem: quem “sofre” organizando a vida certamente colherá os frutos desse tempo, mas quem vive continuamente a vida “empurrando-a com a barriga” dificilmente colherá algo de bom.
Por exemplo: tem gente querendo se casar e ter filhos, sem no mínimo se perguntar se, de fato, é chamado para isso. Ou até pode ser chamado a uma vida familiar, mas antes de dar esse passo tão decidido na vida, proponho-lhe a se perguntar: será que hoje você tem condições de assumir todas as consequências de tal escolha? Talvez você esteja carregando fardos pesados do passado e, com isso, remoendo culpas que o asfixiam e impedem de ter uma vida nova.
Trazemos, por algum motivo, traumas, dores, feridas na alma e no coração, as quais, muitas e na maioria das vezes, têm origem nos primeiros anos de vida. Especialistas garantem que a etapa mais importante para a formação de um psiquismo saudável se estrutura nos três primeiros anos de vida e se dá principalmente pelos relacionamentos que tivemos com pai, mãe, irmãos e pessoas próximas. Talvez, hoje, você esteja sofrendo consequências desses anos e dos relacionamentos que viveu. Não é hora de buscar culpados (pai, mãe etc.), mas sim viver a grande oportunidade de reelaborar a vida.
Testemunho
Hoje, sou mãe de uma linda menina de seis meses. Quanta dedicação e empenho com ela! No entanto, mesmo com todo cuidado que tenho e tentando ser uma mãe suficientemente boa, nem sempre acerto; às vezes, cansada e impaciente, acabo não dando o que ela precisava de mim. Então, preciso nessa hora olhar para dentro de mim, sem culpa, mas com coragem de reorganizar meu interior.
Para sermos uma boa esposa, esposo, pai e mãe temos de ter a coragem de realinhar a vida, fazer novas escolhas, ter a coragem de olhar para nossa história familiar e permitir que Deus nos cure. Temos de gastar tempo em olhar nosso interior com a verdade da luz e o amor de Deus.
Muitas vezes, brigamos com nosso cônjuge, mas, no fundo, estamos brigando com nossos pais interiores. Muitas vezes, o motivo dos desencontros entre os casais são os mesmos motivos que os atraíram.
Por que isso acontece?
Colocamos no outro nossas projeções. Projetamos nele o que trazemos em nossa psique. Colocamos no esposo, na esposa, as figuras maternas e paternas. Exemplo: quando não se teve um pai que desse limites e incentivasse, oferecendo segurança à filha em sua primeira infância, adolescência e juventude, essa mulher, na fase adulta, poderá crescer com uma ausência interior, estará à procura de um homem que lhe ofereça segurança e firmeza, isso tudo inconscientemente. Ao se casar com um homem que lhe coloque em “seu lugar”, ela, de forma inconsciente, dirá: “Se nem meu pai fez isso, quem é você para agir assim?”. Na verdade, ela quer, sim, que seu esposo lhe dê segurança, firmeza e coloque-a no lugar de mulher.
Para a cura ocorrer é necessário tomar consciência disso e assumir a história dando a ele um novo final. Quando ela brigar com o esposo devido a isso, deve abaixar a guarda e dar oportunidade a si mesma de refazer sua história. Não que o esposo vá assumir o lugar do pai, mas ele poderá ajudar em seu processo de cura.
Isso é sério e acontece muito mais do que imaginamos, sendo o casamento uma grande fonte de integração desses conteúdos, mas se você não estiver aberta ao processo de cura, ele será para você mais um desajuste interior.
Processo de cura interior
Tal processo pode também ser vivenciado na vivência da paternidade/maternidade. Exemplo: o homem que não quer crescer interiormente sempre teve o que quer, não sabe o preço do sacrifício. Esse homem, certamente, quando vier a ser pai, competirá com o filho, unindo-se a ele na necessidade de cuidados.
Reflito com você três pontos necessários para a cura interior:
– tomar consciência diante de Deus, que lhe revela quem verdadeiramente você é, em uma boa terapia psicológica, diretor espiritual e amigos verdadeiros;
– assumir a própria vida nas mãos, não ir atrás de culpados nem trazer sobre si a avalanche da culpa;
– fazer novas escolhas e perdoar quem o feriu, pedir perdão e dar o perdão a si mesmo. A partir do que aconteceu em sua vida, sempre terá escolhas a fazer.
Concluo com um testemunho: meu esposo e eu tivemos a oportunidade de acolher em nossa casa um médico psiquiatra (com doutorado e tudo mais). Nessa época, eu estava grávida da minha filha e nós fizemos a seguinte pergunta a ele:
“Temos, em nossa família, casos de depressão e bipolaridade. Nossa filha como pode ser influenciada por tal genética familiar?” Ele simplesmente nos respondeu: “Hoje, a medicina compreende que existe a epigenética (definida como modificações do genoma que são herdadas pelas próximas gerações). Como vocês dois vivem em um ambiente saudável, passam constantemente pela cura interior, estão fazendo novas escolhas, muitas delas diferentes das que suas gerações passadas fizeram. É bem provável que sua filha não sofra com os danos que suas famílias trazem na ordem psíquica. Vocês, por causa da vida nova que vivem como família, estão modificando o DNA para uma realidade mais saudável.
Encerro, assim, como iniciamos no título: a cura interior gera um ambiente familiar saudável.
Leticia Cavalli Gonçalves
Missionária da Comunidade Canção Nova
Fonte: Canção Nova